O que é?
O cancro do colo do útero localiza-se no cérvix – a zona inferior do útero que o liga à vagina. Apesar do rastreio para a sua detecção numa fase inicial, o cancro do colo do útero permanece a segunda maior causa de morte (a seguir ao cancro da mama) entre mulheres jovens (idades compreendidas entre os 15 – 44), na Europa. Na Europa , são anualmente diagnosticados cerca de 33.500 cancros do colo do útero e 15.000 mulheres morrem em consequência da doença por ano (o equivalente a 40 mulheres por dia e duas mulheres por hora).
Causas
Ao contrário de muitos outros tumores malignos, o cancro do colo do útero é provocado por um vírus. Este vírus é denominado Papilomavírus Humano. O elo entre a infecção por Papilomavírus Humano e o cancro do colo do útero é muito mais estreito do que o elo entre o tabaco e o cancro do pulmão. O Papilomavírus Humano é muito comum e facilmente transmissível. Qualquer actividade sexual que envolva o contacto íntimo ou genital com uma pessoa infectada pode levar à transmissão do Papilomavírus Humano. Não é necessária a penetração e os preservativos não garantem protecção contra o Papilomavírus Humano. O Papilomavírus Humano é referido com sendo ‘silencioso’, dado que os indivíduos infectados pelo Papilomavírus Humano não apresentam frequentemente sintomas e, por isso, o vírus pode ser transmitido sem que a pessoa infectada o saiba. Estima-se que aproximadamente 70% de pessoas sexualmente activas serão expostas ao Papilomavírus Humano num determinado momento das suas vidas, frequentemente na adolescência ou na fase de jovens adultos. Existem mais de 100 tipos de Papilomavírus Humano, no entanto a grande maioria é inofensivas. Os tipos 6, 11, 16 e 18 causam a grande maioria das doenças genitais por Papilomavírus Humano, incluindo o cancro do colo do útero. O Papilomavírus Humano é eliminado naturalmente em 90% dos casos. Por vezes, o vírus permanece no organismo e pode causar lesões no colo do útero com potencial de progressão para cancro.
Sintomas
As alterações pré-cancerígenas e os cancros precoces do colo do útero não tendem a provocar dor ou outros sintomas. É importante não esperar até surgirem dores para consultar o médico.
- Quando a doença se agrava, a mulher pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas:
- Hemorragia vaginal anormal
- Hemorragia entre períodos menstruais regulares.
- Hemorragia após relação sexual, irrigação vaginal ou exame pélvico
- Períodos menstruais mais prolongados e intensos do que anteriormente
- Hemorragias após a menopausa
- Aumento do corrimento vaginal
- Dor pélvica
- Dor durante as relações sexuais
- Estes sintomas podem também dever-se a infecções ou outros problemas de saúde e só o médico está habilitado a fazer esta avaliação. As mulheres que tenham algum destes sintomas devem informar o médico, para que seja possível diagnosticar e tratar atempadamente eventuais problemas
Diagnóstico
Como esta doença pode afectar todas as mulheres em qualquer fase da vida, o rastreio sistemático através de citologias regulares é a melhor opção. A citologia consiste na recolha de uma amostra de células do colo do útero, para pesquisa de células com alterações. Desta forma, podem ser detectadas eventuais anomalias cervicais causadas pelo Papilomavírus.
O diagnóstico é realizado através de:
• Exame físico sob anestesia, incluindo frequentemente biopsia da mucosa do útero.
• Colposcopia – exame utilizando uma pequena luz e um microscópio.
• Biopsia – amostra do tecido do colo do útero para análise.
• Biopsia em cone – maior área de amostra do tecido. Este procedimento poderá
remover a área anormal se for pequena (microinvasiva), ou ser utilizado para
diagnóstico.
O relatório do patologista será preparado com base nos resultados do teste. Se for
diagnosticado cancro do colo do útero, serão realizados mais exames, incluindo:
• Análises sanguíneas
• Raio X
• Ultra-sons da área do colo do útero
• Tomografia computorizada (TC)
• Ressonância magnética (RM)
Tratamento
Infelizmente, não foi descoberto ainda nenhum tratamento que elimine o vírus em si. No entanto, se houver lesões cancerosas, o tecido com alterações é removido através de intervenção cirúrgica. Também podem ser administrados fármacos específicos para tratamento das lesões. Estes procedimentos podem ser eficazes a curto prazo, mas são comuns situações de reaparecimento da doença.
Prevenção
O rastreio é essencial, pois detecta alterações nas células numa fase precoce, permitindo que se evite a progressão para lesões cancerosas.
No entanto, o rastreio não pode evitar o aparecimento da doença. A vacinação é a melhor opção para a impedir, devendo ser feita de preferência em pré-adolescentes e adolescentes.