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 O Cancro e a Saúde

2008/2009


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Entrevista

É preciso começar a desmitificar a doença. Existem tratamentos e não é de cancro que vão morrer.” 

Susana, vive em Aveiro e foi uma das muitas vítimas de cancro da mama. É professora de Biologia  da escola secundária Dr. Jaime Magalhães Lima.

 

1.    Qual foi o tipo de cancro que lhe foi diagnosticado?

Cancro da mama.

2.    Há quanto tempo lhe foi determinado o referido cancro?

Descobri à 5 anos, em 2004, no mês de Julho.

3.    Como detectou a doença?

Foi através de um rastreio. Fui fazer uma mamografia de rotina. O diagnóstico foi difícil, pois o cancro estava numa fase inicial

4.    De que forma mudou a sua vida depois de descobrir a doença?

Não mudou muito. Recebi a notícia e fiquei em baixo, mas já tinha lidado com o cancro, porque aos meus pais também tiveram esta doença. Apenas deixei de dormir durante uma noite, depois comecei a desmistificar a doença, e pensei sempre que ia conseguir sair daquela situação. A minha atitude foi informar-me sobre o assunto e pensar ‘eu vou sair desta’. Mantive-me sempre para cima. É importante seguir em frente.

 5.    Em alguma ocasião teve de procurar apoio psicológico, ou foi-lhe concebido apoio imediatamente?

Não tive apoio psicológico. Felizmente, tenho e tive grande apoio familiar, sou uma pessoa resistente.

 6.    A que tipo de tratamentos foi sujeita?

Não fiz nenhum tipo de tratamento. Optei por fazer uma cirurgia para remover o peito. Nem mesmo após a reconstrução do peito precisei de fazer quimioterapia. ´

7.  Quais os cuidados que tem de ter daqui para a frente?

Neste momento tenho alguns cuidados, acabei de fazer a pouco tempo a reconstituição da mama. Faço regularmente a mamografia na outra mama.

 

 8.    Considera que os serviços prestados pelos profissionais e os respectivos meios para o tratamento poderiam ser melhores?

Os institutos são muito bons, têm gente muito competente, trabalham com muita eficácia e todas as decisões são tomadas em equipa por isso dão uma sensação de segurança. Eu frequentei o IPO do Porto, e o Hospital da Universidade de Coimbra e ambos têm bons médicos.

9.    Considera que falar com outras pessoas que se encontram numa situação semelhante à sua, conforta-a?

É importante falar com outras pessoas que passaram ou estão a passar a mesma situação. Faço parte do movimento “Vencer e Viver”. Lá recebemos as pessoas, ouvimo-las, damos o apoio de que elas necessitam, indicações, fornecemos próteses entre outras coisas, e ajudamos a melhorar a auto-estima das pessoas, o que é muito importante.

 10. Sabemos que está em fase de reconstrução mamária. É algo que aconselha a todas as mulheres com este problema?

Considero-me uma pessoa forte mas é difícil olhar e ver um vazio. Agora que reconstitui o peito acho que não tem nada a ver uma com a outra. Torna muito mais agradável olhar e ver que tenho mama. Aconselho às mulheres a fazer a reconstrução mamária, mas não àquelas mulheres que não têm a força de vontade necessária e que tenham a auto-estima em baixo.

 

11. Se pudesse deixar uma mensagem de apoio a outros doentes, o que diria?

Diria para se prevenirem, a prevenção é muito importante. O cancro da mama não acontece apenas às mulheres que já têm mais de 40 anos, há jovens que já o têm, com apenas 14, 16 anos. Por isso é preciso fazer as apalpações e os exames regularmente. Para as mulheres que já estão a viver esta situação é uma mensagem de esperança, que não transformem o cancro numa doença mortal, é preciso começar a desmitificar a doença. Existem tratamentos e não é de cancro que vão morrer. Convivam com pessoas positivas e que mantenham a auto-estima em alta.

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